quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Locotomia


Tão poucas palavras me restaram depois desta tempestade.
Tão poucas palavras...
Mas muitas que ainda não foram ditas, apenas se calam.

Sinto meu muro de sustentação imaginário se desfragmentando aos poucos, e minha plataforma criada com crenças e ilusões, se rompendo lentamente.
Não tenho mais para onde cair, entretanto, sinto uma enorme vontade de pular.
Poucas palavras... Nada a mais!

Tão poucos pensamentos, aliás, vestígios de pensamentos, sobraram após minha destruição.
Escassos sentimentos...
Ah! Sentimentos... (Assentimentos).
Quem sabe um dia eu não seja mais, demasiadamente, tão pouco eu para mim mesmo?!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Monólogo²


Talvez exista suicídio em legítima defesa.
Talvez eu não esteja só escrevendo o que eu quero pensar, talvez eu esteja sendo sincero e escrevendo o que estou pensando.
Talvez eu não esteja tentando me enganar, talvez isso realmente me cure.
Mas quando foi que eu adoeci? Quando foi que a fuga virou o plano “A”? Quando foi que eu passei a viver morto?
Talvez tenha sido quando eu descobri a verdade, ou melhor, quando eu descobri que não existe verdade.
Talvez tenha sido quando eu soquei a parede e vi que era oca. Talvez quando passei a mão no azul do céu e passei a ter as nuvens pintadas nas minhas palmas. Talvez quando eu vi que a bandeira pendurada no mastro do meu jardim não tinha minhas cores prediletas. Talvez tenha sido no dia que eu descobri que embora todos o digam, eu podia extinguir o “talvez” de minhas frases.
O suicídio seria em legítima defesa. Eu só estaria evitando ser morto. Seria melhor do que me sucumbir, me sujeitar, me arrastar e esfoliar meu corpo.
Eu realmente acho que seria melhor mesmo?
Sério, seria em legítima defesa!