sábado, 23 de janeiro de 2010

Espírito Acrílico


Ruas sombrias eu percorro no meio da noite
Sinto uma sensação impia, fria e desvirtuada...
Eu queria achar que tudo isso fosse um sonho ou um pesadelo maravilhoso.


Vivendo num mundo sem pretenção alguma, vagando por ai!
Tentando encontrar algum motivo (amor?), tentando acreditar que ele existe.
Mas se existe são pra poucos, e em um momento ou outro... Tudo acaba!


Espírito acrílico, me guiaste a este buraco sem fim?
Me deste estes pensamentos impetuosos, e destruiste minha mente?
Mas agora, de que tudo isto adiantaria?
Então apenas me deixe imerso nessa minha (só)licitada solidão...

domingo, 17 de janeiro de 2010

nuvem


Saudade dos riscos na tela. Da vã tentativa de conversão do branco no extremo oposto. Da vã tentativa de bloquear os raios de sol, do culto ao ocultismo.
Como se eu fosse uma nuvem carregada, numa dança envolvente pelo céu de verão. Como se eu fosse a sombra que refresca o corpo queimado dos que vagam por ai. Como se eu fosse as gotas de chuva que regam o solo. Como se eu fosse o motivo da dança. Como se eu fosse a barreira entre os olhos dos homens e a face de deus.
Como se eu fosse deus. Sem face, sem graça e desacreditado. Com anjos amputados que se lançam em queda livre em direção ao solo, como pedras de granizo que despencam das nuvens que não as querem mais.
Mas eu não sou.
Nem nuvem, nem barreira, nem anjo e nem deus.
Saudade dos riscos na tela, saudades de quando eles me diziam algo.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

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Talvez eu escreva pra você hoje, pra relembrar a nossa mocidade. Trazer a nostalgia para o nosso pretérito imperfeito, e quem sabe reescrever o jornal de ontem.
Queria poder reconstruir o seu rosto com as minhas palavras, e com os a’s ilustrar a luz que via reluzir do seu sorriso. Com os e’s pensei em fazer com que seus olhos se voltem pra mim e quem sabe até me notem às vezes. Com os i’s eu os faria deitar, pra que você sonhe o que não envelheça. Com os o’s eu reforçaria sua buxexas, pra que você sempre pareça estar contente.
Com os u’s eu faria seu caminho de volta, e você me abandonaria, meu pretérito continuaria imperfeito e não haveria mais a’s pra iluminar.
Talvez eu só escreva pra mim, só pra mim.