domingo, 6 de janeiro de 2013

O Plano Diretor

Subo...
Subo as escadas, que dão acesso ao verdadeiro 'eu'.
Sem nenhum plano e em busca do plano.

Invento degraus.
Degraus que canso de pisar em falso e fazem-me cair de cara no chão
no início da escadaria.

Desfaço do corrimão.
Pois não há corrimão que aguente o peso e a culpa que carrego
nesses últimos 23 anos que se passaram...

A subida é longa!
E nela, tenho que enfrentar seres assentimentais,
crianças suicidas, oceanos espanados e máquinas de deus em formas falsas que insistem em tentar me fazer desistir de chegar ao topo.
Que insistem em abrir uma fenda nos degraus.
No entanto, sigo movido por aquele ilustríssimo pensamento "quem não tem nada, arrisca tudo",
que outrora ouvi em um filme desses qualquer. (C'est pas moi, je le jure!)

Enfim chego ao plano!
O plano que me deixa sem estratégia alguma....
Que faz-me sentir como uma iceberg no meio de um oceano,
pronto para ser destruído por um navio de tristeza desgovernado,
que me faz dirigir e ser dirigido em direções opostas...

Um plano sólido e seguro, que faz-me sentir...
- AH! QUEM EU ESTOU ENGANANDO?
NÃO HÁ MAIS PLANO!
Nem meu muro e minha plataforma são mais planos!
Eles se tornaram curvos, com curvas que levam-me a plenitude
do meu sentimento mais louco e abstrato... A minha tristeza!

Ah! Decepção!
Sentimento e sensação que sempre tentei evitar para me sentir seguro e composto,
E que agora toma minha cabeça sem prazo de devolução...

Então desço as escadas...
Tropeçando em minhas próprias pernas,
sem vontade nenhuma de ver meu próprio rosto,
e tento voltar ao meu lugar de origem...











Se é que ele existe!

Um comentário:

heverton harieno disse...

O final do seus textos são sempre derradeiros, e soam exatamente como um soco na cara.

Adoro essa brincadeira que remete a outros títulos e a outros textos.

Dale Leon Doré, e dale Eric Arpeggi!