Talvez nossa maior pretensão seja justamente não ter pretensão alguma. Somos apenas pessoas que acreditam que certas coisas ainda não foram ditas, e mesmo não tendo o domínio delas, emprestamos nossas mentes pra que as palavras se divirtam, construindo e destruindo simultaneamente o castelo abstrato que resolvemos levantar! A casa é sua, o telhado é feito de palavras e vez ou outra elas costumam desabar sobre você!
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
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Eu já estava me esquecendo de quantos minutos tem uma hora, de quanto tempo o sol precisa para se por, de quantos dias é composto uma semana, de quantas semanas tem um mês.
É como se eu estivesse sempre contando as medidas temporais da minha vida e perdendo a conta instantaneamente. Vez por vez, sempre me perdendo em alguma decimal.
Eu acho que acabou.
Claro que só acabou por hora. Logo eu estarei de novo fazendo contas masoquistas, me esvaindo sem me sentir, me esfaqueando em troca de um pedaço de papel verde, mal impresso, provando que paguei caro pra receber muito pouco.
Talvez tudo na vida tenha um pouco disso. Só de pensar que há quem acredita em “troca equivalente’’.
Eu estou blindado por hora, tentando guardar minha bolha num local seguro, porque eu sei que logo voltarei a revê-la, e após entrar em seu ventre eu me jogarei num canto, e voltarei a contar, contar, contar, até que tudo acabe de novo, e assim eu possa começar uma nova conta, e em fim contar, contar, contar, até que o tempo não me importe mais. Até que ele não mais me envelheça.
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