Morremos soterrados pelo silêncio das palavras que eram mais simples de dizer, e tristemente morremos sem saber. Que ao contrário do que aquela canção dizia, “ainda fazem pessoas que enxugam nossas lágrimas”, e as minhas por falta de afago inundaram o chão.
A sete palmos não vejo mais seu rosto, e vejo que já se passou tempo de mais.
Não a palavra que me desenterre, e já se passou tempo de mais.
E não vejo como como quebrar o silêncio que ficou no passado, e que eu notei, que já se passou tempo de mais.
Morri engasgado, com um discurso inteiro na garganta. Repleto de desculpas, recheado de “obrigado”, bordado de eu te amo. E foi tudo comigo, pra dentro do chão, em segredo, e eu me tirei a chance de saber se fui perdoado, se fui reconhecido ou se houve um eu também.
Virei semente, eu e meus segredos, do que veio a ser frutas da árvore que me tornei.
Da cerejeira que não para de crescer, e que batizou a rua, e que fez sombra pra outras pessoas, que resolveram falar, cuspir ao vento, e que não morreram, engasgados, soterrados pelo silêncio.
Se não tivesse, passado tempo de mais, eu diria.
2 comentários:
Meu escritor favorito.
Sinceramente, esse merece um prêmio de tão lindo.
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