quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

cOpoCeANOncheu


Hoje é um daqueles dias em que o copo encheu, e a chuva que não para a quase um mês transbordou. E o solo coberto de lama viu brotar a primeira frase do ano, porque hoje é o dia em que o copo encheu.
Justo na quinta com cara de sexta, onde o som do vizinho parece estar mais alto, alto a ponto de eu já não ouvir mais o meu, e então minha cabeça gritar, balbuciar e enxotar pra fora da boca qualquer palavra que possa ser dita enquanto eu escrevo. E lendo em voz alta eu vejo que hoje é o dia em que o copo encheu.
No dia onde a capela é o bastante pra ser minha trilha sonora, e eu parei por uma hora pra me atualizar, e ver a vida dos outros passando enquanto não tenho tempo de processar a minha, e ver os músicos cantando enquanto o meu violão esta jogado no canto do quarto, e ver os bêbados esvaziando seus copos, enquanto só com muito custo, eu consegui notar, que o meu copo encheu.
E eu paro o tempo todo, faço hora, mudo o foco, finjo ser o curso do vento a construção do meu texto, e penso no cenário em que brota poesia, e penso se de baixo da água, que fez mar uma pequena cidade, possa haver um peixe poeta, uma estrela poetiza, ou um copo que encheu.
Um que não esta meio vazio, nem meio cheio, um copo que encheu!