sexta-feira, 11 de março de 2011

"BOCA"


Com esse silêncio enfim consigo ouvir minha voz, a que outrora gritava e eu não dava ouvido. Talvez eu apenas não tivesse ouvidos na ocasião, ou talvez eles estivessem ocupados de mais sintonizados na "boca",(a que me cantava coisas e me fazia imaginar e às vezes até viver sensações que não cabem em um parêntese). Se eram verdades ou mentiras não importa muito agora, o fato é que não há mais palavras que ressonem fora da minha cabeça.
Agora me ouço, e começo a tentar entender o que tenho a dizer. Começo o processo de remoer a história que agora se resume a lembranças gravadas em fotos, vídeos e cartas guardadas em uma caixa de sapato.
Não é novidade que as coisas acabem e muito menos que no futuro elas se tornem apenas recordações engraçadas, mas é inevitável, é impossível não sentir a perca. A perca daquilo que nunca se teve.
Acho que meus ouvidos me fizeram falta, e sem eles perdi o equilíbrio, andei cambaleando, tombando, mas tendo os de volta vejo que não tenho tempo pra ficar envolto em meus murmúrios, nem mesmo pra esgotar minha languidez digitando, digitando, digitando...
Eu não perdi nada, eu nunca tive.

quarta-feira, 9 de março de 2011

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O nosso “nós” sempre foi tão singular
E nesse “nós” só mudam os personagens.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Sombrero


O meu silêncio...

A metade do meu mundo em um cálice soturno

Mostra toda a destruição do que me restou de fato.

Mostra o fundo do fundo de um eterno vácuo

De uma mente que se esqueceu.


O teu silêncio...

A fala amputada de ti

Demonstra tua traquéia sangrando de tanto gritar de dentro da sua bolha ‘liberdade’

E tu finges não escutar.


O nosso dilema...

Uma peça teatral sem futuro, sem audiência.

Leva consigo o barulho ensurdecedor

Desse nosso insistente diálogo mudo

E leva-me a pensar como sou desprezível

Ao sempre me deitar no meu silêncio

Nesse vácuo

Na falta de coragem de te dizer

Adeus...