quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Programado


Iniciando o programa...

Carregando...

Recebendo dados...

O programa foi iniciado, mas contem falhas...


Eu não sei quem sou. Só sei o que faço.
Meus pensamentos parecem estar sendo controlados.
Cansei de ser um protótipo de pessoa.
Será que isso é viver?


Mas o que são esses fios conectados à minha cabeça?
E esse chip cravado em minha testa?
Quero me arrancar daqui!
- POR FAVOR, ME TIREM DAQUI! ME TIREM DA...


Ocorreu um erro grave no sistema...

A memória não pode ser “read”...

O programa teve de ser reiniciado...


Reiniciando o programa...

Abrindo...

Concluído.


Não sei o motivo de eu estar aqui.
Nem sei para onde ir.
Sinto alguém controlando meus passos como se eu fosse uma marionete.
Será que desta vez é Deus me guiando, ou apenas os seres humanos brincando de viver de novo?


Se isto é viver, então me tirem daqui!
Se este é o sentido da vida, então, por favor, me tirem daqui!
 - ME TIREM DA...


Ocorreu um erro grave no sistema e o programa teve de ser finalizado...

O sistema está sendo desligado...


Deletando dados...

Concluído.

sábado, 17 de janeiro de 2009

O Homem Embaçado!


Olhem o homem embaçado!
Fingindo que vive e vivendo o que sente.
Andando pelas ruas numa noite fria de terça feira.
Decepcionado e abandonado, caindo com as folhas cinzas do outono.

Ele sabe que a vida é difícil e ás vezes sim! Impossível.
Ninguém importa com o que você pensa, apenas querem que você faça,
E sem reclamar se não 'Deus' castiga!

E assim se vai o homem embaçado,
Descrendo no mundo,
Descrendo em si mesmo.
Vivendo num lugar obscuro onde “os nossos dias serão para sempre’'!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Teo


Eu precisava de alguém que me amasse, que me desse respostas. Alguém que eu não precisasse ouvir e ainda assim soubesse que ele estava sempre certo.
Alguém que tivesse leveza e que pudesse caminhar sobre minha língua. Alguém que pudesse adentrar mentes afora sem precisa girar maçanetas, abrir cadeados ou saltar muros.
Precisava de alguém forte, pra que eu pudesse com isso justificar minha fraqueza. Alguém que fosse infinitamente grandioso pra que isso fizesse da minha insignificância um mero acaso.
Foi então que eu o criei.
Justifiquei com seu nome o porquê do seu efeito analgésico, passei a acreditar na mutualidade do nosso amor, fiz um império pra protegê-lo do sol, fiz dele uma ponte entre minha derrota e o paraíso.
Ele virou minha vírgula, meus dois pontos, minha exclamação.
Fiz dele minha resposta absoluta, extingui das minhas frases as interrogações, me tranquei dentro do nosso amor.
Eu inventei as paredes!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O Homem Quem?



Quem sou eu para dar o destino que eu quero à minha vida?
Quem sou eu para me culpar e me perdoar dos meus erros?
Questões prolixas me afligem dia e noite, e as respostas talvez sejam você, mas não sei nem como e onde te encontrar!

Mas quem sou eu para seguir o que os outros falam?
E quem sou eu para acreditar em mim mesmo?
Talvez eu não saiba nem um décimo do que posso fazer aqui, entretanto, quem sou eu para saber?


E você, meu caro desconhecido, olhe nos meus olhos, sinta tua alma e me diga: quem sou eu? Quem é você?

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Perseverar X desistiR


Construir um castelo enquanto as paredes desabam.
Correr e cair nas primeiras passadas.
Rever o sol ainda nas primeiras gotas de chuva.
Morrer no primeiro suspiro.
Jogar-me em alto mar com câimbra nos membros,
afogar-me com a certeza que mais tarde não seria diferente.
Jogar-me no mais profundo abismo,
acreditar que posso penetrar o chão.
Enfim voar, impulsionado pelo medo, tocar as camadas que me protegem do sol.
Sufocar-me no ar rarefeito de altas altitudes.
Ver a mais alta estrutura como a mais insignificante.
Talvez me testar, conhecer o meu limite, por a prova a minha vontade, medir minha descrença.
Talvez me conhecer, definir-me com um substantivo, adjetivar-me, delimitar-me, me pluralizar.
Construir um castelo,
subir até a torre,
olhar para baixo e ver,
que o primeiro andar
agora é só destroços.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Obrigado!


Eu só não sei pra que lado eu quero gritar a decepção que tenho por ti, não sei se as quero ver impressas, não sei se as quero ouvir cantadas na voz do meu caro Tom Zé, não sei se as quero grafitadas num muro, nem sei em que muro as quero ver. Eu só queria poder desabafar, queria por pra fora todo o medo que tenho de você, todo medo que tenho de parecer contigo, o medo de ter a sua voz, o seu cheiro, o seu gosto. Tenho pavor da idéia de poder vir a ser confundido contigo ainda que a quilômetros de distância.
Você me mata e finge não cometer o crime. Prefere insistir que eu sou ferido só porque andei em sua oposição.
Acaba de matar outra parte de mim, acaba de destruir mais um dos nossos poucos elos.
Pena eu estar aqui, atuando, enquanto você vem com a ignorância em punhos matar outro dos nossos elos.
Mais um dos nossos poucos elos.
Pena eu estar aqui...