quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Retalho

Hoje eu joguei alguns papéis foras,
Naquele tradicional ritual de purificação,
Onde se vai o que não serve mais, e fica o vazio pra se encher do que também não servirá.

E acabo de dar mais duas linhas pra um rascunho não publicável e o retomo com coragem após ser encharcado pelo som de um Alt-J qualquer. E prossigo:

As vezes a vida parece não caber nos meus ombros
E cai pelos lados
Acontece quando eu me apequeno
e que me faltam as costas largas
Ai me inteiram com alguns centímetros. 175 deles talvez (não sei se acredito). E você novamente toma coragem pra por sobre os ombros todas as montanhas de minas; já me diria o poeta alagoano.

A vida é meio isso. Um retalho, um retalho de episódios descompassados, as vezes costurados, as vezes não. Um tecido de trapos, tecido à várias mãos. Pra nos cobrir do frio existencial, naquele deserto onde nosso avião de piloto solitário cai vez ou outra.

É preciso ter com o que cobrir. E é bom que a coberta seja grande. Pra cobrir 185 centímetros (talvez, eu realmente não sei se acredito).