terça-feira, 23 de abril de 2013

Circular



Devo ter perdido a caneta em algum lugar, em alguma daquelas gavetas escondidas, emperradas, do velho móvel, da casa velha. A velha mobília que não vê mais cera, que não guarda mais o que é útil e virou cofre dos restos de vida que deixei pra trás.

Certamente ta lá a caneta, e o projeto de poeta esquartejado nos potes. Funesto ficou o eu, ludibriando em passos bêbados, ganhando linhas e linhas, parágrafos, a fim de rememorar a frase que eu falei pra ti e te fez chorar, ou a frase com que sequei teus olhos.
Então toca uma música e sinto, enquanto houver canções haverão amores, e enquanto houver amores haverão canções, e nesse efeito cíclico, circular, eu envolvo o texto e percebo que enquanto o mundo girar haverá poesia.
Com rimas, sem rimas, com bordas parar decorar, sobre amor, sobre a vida, sobre a própria poesia. Escreveremos os pássaros, escreveremos as cores, coloriremos com a, com o b, com o c, o mundo pintado em alfabeto.
O sonho colorido de um pintor, que me encantava, o mestre Tom...
Que o mundo acabe, que caiam palavras do céu, e todos se encharquem, se molhem, se banhem, se afoguem  nesse dilúvio, nesse mar literário, onde navegam os navios, que eu rabisquei, alguém afundou e boiaram os tripulantes.

Porque ainda há música, e eu quero Amar,
Ainda há amor, e eu quero o Beijo.
Ainda há poesia e eu vou Cantar, todas as letras que restaram, desta poesia molhada com as palavras que caíram do céu.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Metalcastia

Gotas de pensamentos...
Se estilhaçam na escuridão de minha mente ametal.
Resquícios de sentimentos (assentimentos)...
Se embaralham com minha auto-suficiência utópica, meu silício.

Então eu dirijo... Em alta velocidade sem olhar para trás.

Então dirijo...  Me esqueço nas voltas e curvas fechadas da minha mente.

Então dirijo... E através dos limites de um traçado qualquer numa textura de um papel em branco...

Então dirijo... Chego ao meu lugar nenhum de sempre. Meu Pamir!

Montanhas de silêncio...
Foram minhas maiores conquistas depois dessas insistentes (desesperadas) conversas mudas comigo mesmo.
E enquanto um mar de desilusões,
afogam todo meu ego, meus ouvidos e minha boca todos os dias.

Portanto, só me resta navegar... E com a minha fiel tripulação de palavras e sentimentos vazios - meus glóbulos cinzas.

Então navego... à espera deste oceano de tristeza partir-se outra vez,

Então continuo a navegar... Chego meu ápice de um pequeno pigmento de lucidez nesse maremoto soturno,

Então navego... E me perco no meu oceano de ferro fundido.