domingo, 3 de novembro de 2013

Amanhece, e Estou Sem Face

O sol nasce, e minha pele queima com os restos de cola quente que ainda marcam meu rosto,
e meus olhos cegam com a luz estrelar.
Os fragmentos que me restaram, são impuros...
Uma solução insaturada.

A máscara que guardava 25 anos de pilherias, inutilidades e um ego pusilânime que eu usava para me defender de mim mesmo, está ali! Despedaçada no chão, bem diante dos meus árduos olhos...
Só me resta, estático, contemplar esta agonia.

O dia amanhece e mostra que por trás da minha máscara, há apenas silêncio.
Um silêncio tão maçante e náuseo, de estourar meus próprios tímpanos.
Minha pele - minha lona revestida de ferro e chumbo, evapora com o calor infernal de cada raio de sol receptado.
E minh'alma...
Alma... Mais um "traço curvo sobre um ponto", se mistura com os restos heterogêneos e com o gás carbônico, e é levada pelo vento.

Pronto!
Estou dissecado!
Estou a deriva!
Que comecem com o lacrimogênio e os choques elétricos!
Que comece a 'vida'!

O dia amanhece...
Um lindo dia, por sinal!
E exatamente às seis horas e cinco minutos...




















Em suma, isto é  apanas mais um silêncio variante ensurdecedor...

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Desmascarado à Meia-Noite

São onze e cinquenta e nove, de mais uma noite fria e estou perdido outra vez,
Em meio a meias palavras que nunca se encontram por minha insensatez,
Pra formar um sentimento bonito, utópico, que costumava preencher este vazio de vez em vez.
É meia-noite e me encontro em outro "L'esprit de l'escalier".


Ás onze e cinquenta e oito, eu era solitário, afogado em velhos bordões,
Em meio a velhas melodias perdidas em abandonados corações.
Sentindo minha vida se passar vagamente à minha frente, como o vento.
É o marco-zero do dia, e sigo desalento!


À meia-noite e um segundo, sou metade invisível e metade inverdade,
Escorrendo pelos cantos da minha mente, em busca do meu ego desiludido, perdido em um devaneio.
Mas não há nada mais belo, puro e depressivo do que, quando em uma superfície reflete um raio luminoso que apenas lhe mostra ter...





Meia-noite,








o silêncio...







E si mesmo.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Fotolito

Este é o meu texto-fotolito,
e cada palavra impressa aqui, cai sobre mim como chumbo.

Utilizarei o mais belo filme de nossas vidas,
Um audiovisual melancólico, artístico!
Baseado em fatos reais inventados por mim, apenas para não me sentir mais um moribundo.

E podes vir caindo como música!
Como uma orquestra sinfônica ou uma melodia dos anos trinta,
Não se preocupe com o script,
Pois, é como dizem, "as palavras nunca voltam vazias"...

Esta é minha alma em acrílico,
Se escondendo nesta selva de assentimentos, sem nenhum personagem à interpretar.
Esta é minha última cena a fio,
Eu finjo encenar e todos fingem acreditar.

E se vieres caindo como música,
Dançaríamos na chuva, e contemplaríamos senas cortadas paradisíacas!
Seria a arte final perfeita!
Perdida nos escombros da minha mente oculta...

Enfim, este é meu texto-fotolito
Espero que fique bonito na parede do teu quarto, em um lugar esquecido!

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Insípido

Muitas palavras...
Demasiados caracteres...
Para descrever poucos sentimentos,
Para preencher pouco espaço-tempo de vida.

Muito ar...
Muito oxigênio...
Para pouco pulmão,
Para pouca inspiração.

Auto defesa?
Legitima defesa?
Continuo mentindo...
E continuamos nos movendo,
Sem direção...
Sem história...
Sem sermos autoimunes.

Mas se estiveres correndo
Insistentemente
Atrás de um conforto,
Não precisas dar voltas e voltas ao mundo
Ou em tua mente,
Basta apenas olhar para o lado
E verás que todos estão,
De um jeito ou de outro,
Se tornando o tipo de pessoa que mais odeiam!

E estás cansado...
E estás cansado!
Quando percebes que
A solidão vem se tornando
Uma espécie de anticorpos teus...
Estás cansado!
Insípido!

terça-feira, 14 de maio de 2013

Então... Ainda Vejo Mais Vidro



Deixe um pouco da sua dor pra mim, porque hoje eu tenho que disfarçar, aquele meu sorriso de que não estou nem ai, é tempo de lágrimas.
É tempo de ficarmos juntos, e ao mesmo tempo sozinhos, com a maquiagem borrada e a camisa por passar, frente ao espelho que nos responde com desgosto.

Deixe-me vela através deste vidro embaçado do banheiro! Quem sabe assim eu consiga ver outra vez em tí, tudo aquilo que eu não consegui sentir, e um promissor 1/654975478 avos desse meu desbotado sorriso possa resplandecer, como se o vidro falasse, como se o reflexo fosse concreto, como se eu realmente tivesse você.

Então, daí perguntas "e ti... O que deixas pra mim?"
Bem, não posso/quero deixar outra melodia estrela-cadente, não quero que se desintegre mais uma vez em tuas mãos...
Entretanto, deixo-a uma singela nota de Si menor dissonante, da passagem mais esquecida do estribilho da nossa música favorita, em um recipiente sólido amorfo, para que guardes em teu coração.

Porque...(?)



























Droga! Eu realmente achei que o vidro falasse...



Heverton Harieno/Eric Arpeggi

terça-feira, 23 de abril de 2013

Circular



Devo ter perdido a caneta em algum lugar, em alguma daquelas gavetas escondidas, emperradas, do velho móvel, da casa velha. A velha mobília que não vê mais cera, que não guarda mais o que é útil e virou cofre dos restos de vida que deixei pra trás.

Certamente ta lá a caneta, e o projeto de poeta esquartejado nos potes. Funesto ficou o eu, ludibriando em passos bêbados, ganhando linhas e linhas, parágrafos, a fim de rememorar a frase que eu falei pra ti e te fez chorar, ou a frase com que sequei teus olhos.
Então toca uma música e sinto, enquanto houver canções haverão amores, e enquanto houver amores haverão canções, e nesse efeito cíclico, circular, eu envolvo o texto e percebo que enquanto o mundo girar haverá poesia.
Com rimas, sem rimas, com bordas parar decorar, sobre amor, sobre a vida, sobre a própria poesia. Escreveremos os pássaros, escreveremos as cores, coloriremos com a, com o b, com o c, o mundo pintado em alfabeto.
O sonho colorido de um pintor, que me encantava, o mestre Tom...
Que o mundo acabe, que caiam palavras do céu, e todos se encharquem, se molhem, se banhem, se afoguem  nesse dilúvio, nesse mar literário, onde navegam os navios, que eu rabisquei, alguém afundou e boiaram os tripulantes.

Porque ainda há música, e eu quero Amar,
Ainda há amor, e eu quero o Beijo.
Ainda há poesia e eu vou Cantar, todas as letras que restaram, desta poesia molhada com as palavras que caíram do céu.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Metalcastia

Gotas de pensamentos...
Se estilhaçam na escuridão de minha mente ametal.
Resquícios de sentimentos (assentimentos)...
Se embaralham com minha auto-suficiência utópica, meu silício.

Então eu dirijo... Em alta velocidade sem olhar para trás.

Então dirijo...  Me esqueço nas voltas e curvas fechadas da minha mente.

Então dirijo... E através dos limites de um traçado qualquer numa textura de um papel em branco...

Então dirijo... Chego ao meu lugar nenhum de sempre. Meu Pamir!

Montanhas de silêncio...
Foram minhas maiores conquistas depois dessas insistentes (desesperadas) conversas mudas comigo mesmo.
E enquanto um mar de desilusões,
afogam todo meu ego, meus ouvidos e minha boca todos os dias.

Portanto, só me resta navegar... E com a minha fiel tripulação de palavras e sentimentos vazios - meus glóbulos cinzas.

Então navego... à espera deste oceano de tristeza partir-se outra vez,

Então continuo a navegar... Chego meu ápice de um pequeno pigmento de lucidez nesse maremoto soturno,

Então navego... E me perco no meu oceano de ferro fundido.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Terminal Final


Sr. pseudo inteligente...
Como estás?
Olhe para trás...
Para onde pretendes ir daqui?

Sigo contando teus passos na areia
que, como sempre, não levam à lugar algum
e se desfazem contínua e contiguamente no meio do caminho.

Percebo que continuas a trocar falsos sorrisos
por migalhas de sentimentos, à espera de uma moeda de
felicidade escapar em um troco.
E quando a desejada moeda aparece, logo percebe-se que a mesma é falsa.

Tuas palavras ditas, malditas, que sempre caem no chão,
e quem as pisa, se machuca dolorosamente.

Talvez o teu último trem já tenha partido,
e se perdestes no terminal final à espera de um de um próximo,
o qual, que nunca vai chegar!

Entretanto, antes de mergulhares neste mar de pensamentos sórdidos,
por favor, me responda ó falso versado!

Para onde tu vais?

sábado, 26 de janeiro de 2013

Cidade

Eu virei a rua, e de repente me dei conta que havia atravessado os limites, rompido a barreira.
A cada passo que eu dava, a cada flexão dos joelhos, mais e mais a cidade me absorvia.
Como em um mergulho, eu de olhos bem abertos tentava observar os corais.

E de baixo dos viadutos estavam entocados os soldados de rua, com uniformes modestos, sem medalhas para enaltecer, emaranhados em barricadas de papelão, numa estratégia impensada, apenas sincera. Atirando lembranças, choques visuais, desespero, numa luta Quixoteana, contra moinhos de vento em que as pás são a família, o trabalho, a igreja...


E em mais alguns passos os semáforos se fecharam e abriram alas para os malabaristas de corações. Corações inflamados, apaixonados, num palco que não censura artistas, não classifica, não condena, não segrega. E após um a um estarem todos em teus braços, as sementes lhe foram jogadas no chapéu.

E no verde, os ciclistas se foram, levando em si a emoção de dizer não, de viver o boicote, de negar o comum, e a brisa parecia servir de combustível, ao mesmo tempo de incentivo. E a semente jogada no chapéu parecia agora estar brotando em seus ombros, formando a copa, que há de proteger.

E ao passar por uma rua inibida de sua maior essência (transitar), encontro máquinas ferozes, batendo num ritmo engessado, numa nota atonal (se é que isso é possível),  demolindo a manta asfáltica, prometendo construir, numa anedota alá Tom Zé em que destruir constrói e confundir explica.
E em cada caçamba se perdia um pouco mais das pegadas dos pés cansados (de quem trabalhou de mais), dos pneus gastos ( de quem dirigiu de mais), das gotas da chuva que causou estragos num bairro (em que choveu de mais), e em outro bairro refrescou um casal durante o beijo ( que se amou de mais).

E bem ali eu parei, pra assistir o par que sobreviveu as pancadas das pás do moinho, que emprestaram seus corações inflamados, que arremessaram as sementes no chapéu e sentiram a brisa tocar-lhes o rosto. Que se destruíram e se construíram, que deixaram pegadas, e que se beijaram.

Mais alguns passos, e eu fui embora!




domingo, 6 de janeiro de 2013

O Plano Diretor

Subo...
Subo as escadas, que dão acesso ao verdadeiro 'eu'.
Sem nenhum plano e em busca do plano.

Invento degraus.
Degraus que canso de pisar em falso e fazem-me cair de cara no chão
no início da escadaria.

Desfaço do corrimão.
Pois não há corrimão que aguente o peso e a culpa que carrego
nesses últimos 23 anos que se passaram...

A subida é longa!
E nela, tenho que enfrentar seres assentimentais,
crianças suicidas, oceanos espanados e máquinas de deus em formas falsas que insistem em tentar me fazer desistir de chegar ao topo.
Que insistem em abrir uma fenda nos degraus.
No entanto, sigo movido por aquele ilustríssimo pensamento "quem não tem nada, arrisca tudo",
que outrora ouvi em um filme desses qualquer. (C'est pas moi, je le jure!)

Enfim chego ao plano!
O plano que me deixa sem estratégia alguma....
Que faz-me sentir como uma iceberg no meio de um oceano,
pronto para ser destruído por um navio de tristeza desgovernado,
que me faz dirigir e ser dirigido em direções opostas...

Um plano sólido e seguro, que faz-me sentir...
- AH! QUEM EU ESTOU ENGANANDO?
NÃO HÁ MAIS PLANO!
Nem meu muro e minha plataforma são mais planos!
Eles se tornaram curvos, com curvas que levam-me a plenitude
do meu sentimento mais louco e abstrato... A minha tristeza!

Ah! Decepção!
Sentimento e sensação que sempre tentei evitar para me sentir seguro e composto,
E que agora toma minha cabeça sem prazo de devolução...

Então desço as escadas...
Tropeçando em minhas próprias pernas,
sem vontade nenhuma de ver meu próprio rosto,
e tento voltar ao meu lugar de origem...











Se é que ele existe!