quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Retalho

Hoje eu joguei alguns papéis foras,
Naquele tradicional ritual de purificação,
Onde se vai o que não serve mais, e fica o vazio pra se encher do que também não servirá.

E acabo de dar mais duas linhas pra um rascunho não publicável e o retomo com coragem após ser encharcado pelo som de um Alt-J qualquer. E prossigo:

As vezes a vida parece não caber nos meus ombros
E cai pelos lados
Acontece quando eu me apequeno
e que me faltam as costas largas
Ai me inteiram com alguns centímetros. 175 deles talvez (não sei se acredito). E você novamente toma coragem pra por sobre os ombros todas as montanhas de minas; já me diria o poeta alagoano.

A vida é meio isso. Um retalho, um retalho de episódios descompassados, as vezes costurados, as vezes não. Um tecido de trapos, tecido à várias mãos. Pra nos cobrir do frio existencial, naquele deserto onde nosso avião de piloto solitário cai vez ou outra.

É preciso ter com o que cobrir. E é bom que a coberta seja grande. Pra cobrir 185 centímetros (talvez, eu realmente não sei se acredito).

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Revolução dos Bichos

Não dá pra dizer que apostamos no cavalo errado. Ainda que tenha havido alguns tropeços ou uma perna quebrada, precisamos lembrar que ele liderou o páreo por tempo demais (ainda que pouco, qualquer tempo conta).

Não é a exclusão da corrida que o demove do título de sanção, porque mesmo se as pás tivessem parado de rodar, as pedras do moinho foram levadas por ele.

E moeu grãos.
E fez farinha.
E haja farinha.

Não se trata de errar, se trata do tamanho do tempo...

Meio

Um homem de estatura mediana
De classe média
Que mora no centro
De uma cidade metropolitana
Que vota, e em partidos de centro
E curva-se diante de um deus não tão severo e não tão brando

Um homem meio nunca saberá
Que existe vida nos lados...

sábado, 4 de abril de 2015

7 linhas pra matar a saudade

E se eu tiver voltado?

Quem é que vai me receber?

Acho que medo mesmo eu tenho de encontrar a porta fechada, com as duas tetras chaves viradas e uma daquelas barras de ferro travando a janela.

Medo mesmo eu tenho de não saber como me portar. Medo de não saber mais escalar o muro.

Posso ficar horas no quintal. Na rua, sentado na calçada. Esperando alguém chegar. Se é que haverá alguém pra me receber.

Acho que é por isso que eu não volto.


Mesmo precisando voltar!