quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A Última Peça


Acendam as luzes e abram as cortinas! O show vai começar!
Juro que desta vez vou atuar o meu papel até o final.
As pessoas interpretam personagens esquisitos!
Trocam atenção, carinho e juras de amor, e quando a cena termina, agem como se nada tivesse acontecido...

Eu posso ver seu rosto estampado na tela de apresentação.
Acho que isso não está no meu script...
Letreiros sobem, descem, e falam.
E se esta peça fosse ao ar, você a interpretaria?

E começa o segundo ato!
"Eu só queria mesmo era conversar..."
Aqui todos nós somos coadjuvantes.
Pois as estrelas estão mortas em algum lugar em nossas mentes.

Eu ainda posso ver seu rosto nessa maldita tela.
Mesmo estando de olhos fechados, nesta cena escura e silênciosa.
Ai vêm os letreiros de novo! Subindo, descendo e dizendo adeus!
E Se esta peça fosse mentira, você a escreveria? E a viveria?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Moto-locótomo



Passe por mim e deixe-me alto, até eu conseguir tocar na lua.
Quem sabe assim, eu desista da idéia de pular do próximo precipício?!

Em outras palavras... Segure-me!
Com estes dizeres, me deixe cair de cara no chão!

Toque os tambores pra mim e deixe-me cantar a Valsa da Despedida.
Quem sabe, desta forma, eu não volte pro meu vasto oceano de plástico?!

Em outros dizeres...
Poucas palavras!
Quem sabe um dia eu não invente outras palavras, e reinvente uma canção pra ti?

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Morfina


Eu não posso ver e também não posso sentir!
As coisas estão ficando muito pragmáticas, e eu não sei mais como será daqui pra frente.
Algo me diz que a lendária chama se apagando, e com ela, minha mente vem se desfragmentando como ruínas de uma vida recessiva e escassa.
E tu sabes disso mais do que eu...
Tu clamas por isso mais do que eu!


Eu era uma máquina inútil, um completo andróide paranóico! E ninguém sabe como é (ninguém sabe!). Suas veias ligadas à fios de alta voltagem, sua mente imantada com fios de cobre e fita isolante, sua alma e seus sentimentos conectados a um computador central...
Eu fiz de tudo para ser mais humano, entretanto, o telefone estava mudo.
E tu clamavas por isso mais do que eu...








A medicação está falhando...

sábado, 18 de julho de 2009

Formas Falsas


Ultima parada: esta cidade.

Desfarei as trilhas do trem, para me perder no caminho de volta...














(Se é que há volta... Se é que há caminho... Se é que há trem...)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Toc²

Somente gastar energia e mover braços, pernas e músculos!
Talvez apenas seja este o motivo de eu aqui caminhar.

Neste caminho cheio de factóides e utopias, tão reais quanto o mais profundo vácuo que se encontra em um espaço infinito entre meu crânio e meu cérebro, perdido em uma memória qualquer... Ou um simples erro de deus ocorrido em minha mente!

Mente que ainda não pode ser lida.
O sistema ainda está fora do ar!
Mente censurada pela lei Nove Mil Cento e qualquer coisa, que mesmo "livre" não pode se expressar!
Essa 'maquina de deus' ainda segue desativada!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

?


-Traço curvo sobre um ponto, a cada pausa. Talvez na próxima eu inove, “200inove”.
Brincadeira! (sem graça), talvez na próxima eu pressione o backspace até o hífen. Sei que muitos torceriam por isso e esses muitos irão interromper a leitura antes da palavra “liberdade” que pretendo inserir em algum próximo parágrafo. Mas não os culpo, em troca de que não me culpem também. Só quero me divertir um pouco tentando sufocar essas letrinhas que toco com os dedos.
(Paro pra bater no móvel com os indicadores de ambas as mãos. Os mesmos que outrora martelavam o teclado. Queria saber traduzir os ruídos percussivos que produzo por aqui. É como se algum baterista de death metal invadisse o ensaio do American Football e começa-se a... atrapalhar? Não. Se divertir).
Novamente liberto dos parênteses tento descobrir porque estou fazendo isso. Não posso dizer que estou escrevendo algo, ou pelo menos nada que diga algo.
Só estou tentando levar esse tracinho que fica piscando sempre após minha última palavra para o mais longe possível. Talvez eu só queira destruí-lo antes que ele o faça comigo, ou com minhas linhas. Sei lá, e se ele estiver contando o tempo, talvez o tempo que eu tenha para parar com isso?
Tem razão, é loucura. Loucura de mais imaginar isso, loucura de mais escrever isso, loucura de mais não querer acabar com isso.
Melhor parar com tudo enquanto há tempo ou ao menos antes que alguém pressione o backspace por mim.
Só espero que os que esperavam encontrar a palavra “liberdade” para enfim poderem fazer algo mais importante não se zanguem pelo fato deu só citá-la bem próximo do traço pisca-pisca (o protagonista da história).
Afinal é o nosso anseio em comum.
LIBERDADE

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Anjo ou Demônio?


O que será esta grande força que perjura sobre mim, me atraindo bruscamente para baixo?
Fazendo com que o céu caia sobre mim, como gotas de chuvas de inverno.
Queria ter um conta-gotas para contar o mar de coisas estúpidas que falei e fiz...


O que seria este sentimento ruim, que me assombra 'relembrando' o meu futuro?
Se eu tivesse forças, me levantaria e gritaria tudo o que está em minha alma! Mas quem daria ouvidos a uma depressão fatídica?


Oh! Meu amigo quem és tu, que me faz escrever essas coisas tão sublimes?
Talvez tu sejas aquela pessoa que iria mudar a minha vida, mas que morreu atropelado por um carro dirigido por um motorista bêbado qualquer...


Mas serás tu meu anjo ou demônio?
Que me estendeu a mão quando estava me afogando.
Tentei me impulsar para segura-la.
Mas me recuei com medo de me afogar...
Recuei-me com medo de me afogar!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Menos Maio


Menos maio. Só não sei se entre ou livre de aspas.
Creditei nesta frase a responsabilidade de transformar todas as frases, todas as aspas, todos os espaços escondidos na minha cabeça, em uma vaga tese que não sei sobre o que deve falar.
Talvez eu tenha encarnado nesses últimos meses um personagem de Platão substituído por antônimos, somado a confusão de um outro Caulfield de um outro Salinger qualquer.
O antônimo é que não nasci em caverna alguma, mas talvez eu tenha adentrado nela em algum passeio ecológico qualquer e após ter encontrado um pouco de água limpa, resolvido lavar-me ali da poeira que se impregnou em mim do lado de fora.
A rusticidade tornou meus dias curiosamente confortáveis e na minha caverna não havia sombra nenhuma nas paredes. Talvez até houvessem, mas me descobri um ótimo cego frente aquilo tudo. Um tipo de cego que transforma um piscar de olhos em uma cegueira quase sincera.
Não sei muito bem o que me levou a olhar lá pra fora de novo, muito menos o que atraiu meus passos para o alcance do sol, sei que agora aqui, frente aos refletores de sombra, sinto o imenso desejo de desligar a TV para não tomar nota do novo reality show, fechar a internet para não participar do novo movimento pró “natureza”, desligar o... não, melhor não.
Melhor aumentar o volume do rádio e virar um surdo sincero no que diz respeito a ouvir o que as sombras falam.
E esperar,
o menos junho.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

(Sublime)


Movendo essas caixas de inutilidades, na qual, chamo-as de pensamentos...

Indo para algum lugar onde ninguém entende nada e nem fingem entender.

Ah! E assim, sigo a cair...

- Por favor! Por favor! Não leve isso contigo!

Seu futuro não será igual ao meu.

Posso estar sendo sublime...

Posso estar afogando em terra firme.

E quando chega o fim...

Apagando essa mente corroída com mercúrio e ácido sulfúrico.

Carregando minhas pilhérias, ''meu poste e meu tio Bill''.

Desmanchando minhas ruínas, até fazer minha página ficar em branco outra vez.

Ah! E os meus sonhos? Caem comigo...

- Por favor! Por favor! Não tente os reerguer de novo!

Não os leve contigo!

Posso estar sendo sublime...

Com uma arma apontada para minha cabeça, contra o meu próprio crime...

E quando é que chega o final?


Movendo essas caixas de inutilidades, na qual, chamo-as de pensamentos...

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Castelos


Castelo de areia em alto mar,
cercado por muros de papel que se dissolvem em meio às ondas.
Destruindo pedaço por pedaço do meu muro intransponível,
levando à terra firme a segurança que eu acreditava ter.
Castelo de papel cercado por muros de areia.
Que se dissolvem em meio ao vento, que vem e vai pra lugar nenhum.
Levando embora minha coragem,
deixando-me submerso no medo.
Castelo de mar cercado por muros de vento, ou talvez, castelo de ar cercado por muros de mar?
Bobagem, são só ruínas.
Apenas ruínas no meio do nada.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Cc: Oullet


Eu não consigo entender como que, depois de tudo que eu não vivi, cheguei até aqui, e nem tenho a mínima ideia do caminho de volta. Sendo sincero, quero voltar sim, e ao mesmo tempo, não. Entretanto, como voltarei para algum lugar se nem sei de onde parti? Como saberei o que fazer se nem sei me ouvir?

Ah, Lady Oullet... Me escute! Por que eu não tenho mais tempo para mim - cansei de mim mesmo... Mas só quero que saibas que não estou perdido, mesmo depois deste tempo todo que tenho vivido - oh! Quero dizer, que tenho tentado provar que posso viver neste mundo - eu não tenho a mínima ideia de o que são esses sentimentos!
E mesmo assim, algo não me deixa viver sem eles.

Agora que a batalha começou e tudo parece estar perto do fim. Eu contra mim mesmo, o espaço vazio contra o vácuo, “desta vez a cruzada é para o bem”, façam suas apostas!
- Lady Oullet você está me ouvindo? Lady Oullet você pode me ouvir?
Minha voz está fraca, não consigo me expressar direito... Perdi o meu álibi todo naquela noite... Naquela noite em que você tentou me matar! O Júri está pronto pra me jogar pelos ares, o Juiz já me condenou desde o princípio do julgamento, minha defesa é baseada em fatos ludíbrios, e mesmo assim, a pseudo tese continua.
Agora me sinto trêmulo, não consigo mais me mexer, e sinto algo diferente em minha mente... Sinto algo em minha mente... É você?


- Estou tão vivo!

domingo, 12 de abril de 2009

Soul Hunter


Alma caçadora...

Em dias de paz...

Enchendo-me de coisas vazias,

Fazendo da minha vida uma caça sem fim,

Onde sou o animal na jaula.


Alma ditadora

Não me deixa nem uma escolha

Extingue minhas idéias e meus direitos

E me deixa morto como uma folha

Sem saber ao menos como ela é, e muito menos quem sou.


Alma impiedosa

Fria e intolerante

Que me deixa em um segundo, um mundo de escolhas improdutivas

E que ainda insiste em mim,

No meu ser

Mesmo não me deixando viver!

domingo, 29 de março de 2009

...


Enterro-me mais uma vez frente a esse quadro de luz ofuscante e contemplo a catarse em tons de branco borrados com traços negros.
Pelo visto calo-me aqui. Meus dedos já se emudeceram, minhas frases soltas parecem não mais se juntarem em uma dança de tormentos e desamores.
Acho que foram todos embora, todos os Salingers, todos os Machados de Assis, todos os Orwells, todos os Gattais, todos os meus não eu’s genéricos que respondiam por mim.
Sobrou apenas um monte de palavras sem forma, ficou apenas grunhidos balbuciados por um bêbado qualquer largado num ponto de ônibus, restou apenas à vã tentativa de dialogo de um casal de surdos-mudos em crise, permaneceu apenas a cena que se projetava frente aos meus olhos há algumas horas atrás.
Não ficou, não restou e nem permaneceu nada que justificasse sua presença por aqui caro leitor.
O que ainda insiste em sobreviver debaixo dos escombros deste telhado de palavras carregadas de silêncio é a minha presunção de ainda acreditar que posso brincar de escritor e de que vocês se divertem ao ler minhas brincadeiras.

Eis aqui meus caríssimos leitores (contemplando o auge da minha presunção) um espécime não muito raro: Um escritor sem nada pra falar. Ressalvo minhas reticências...

segunda-feira, 23 de março de 2009

Quatro Passos


Olha você errando de novo!

Não Falastes que iria mudar?

Que estavas no topo?

Agora, olha você errado de novo!

Fique ai contemplando as ruínas de um alguém inexistente

Vendo o mesmo filme sem coragem de encarar o final.

Veja você prestes a errar outra vez!

Desta vez é sem chance! É "caixão e vela preta"

E não adianta querer sofrer

Não adianta querer chorar

Porque nada mais, em sua vida, faz sentido.

Você não vive, e sim morre aos poucos.

Olha você errado novamente!

Tentando ser alguém

Fingindo ser ninguém

Cheio de coisas vazias...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Locotomia


Tão poucas palavras me restaram depois desta tempestade.
Tão poucas palavras...
Mas muitas que ainda não foram ditas, apenas se calam.

Sinto meu muro de sustentação imaginário se desfragmentando aos poucos, e minha plataforma criada com crenças e ilusões, se rompendo lentamente.
Não tenho mais para onde cair, entretanto, sinto uma enorme vontade de pular.
Poucas palavras... Nada a mais!

Tão poucos pensamentos, aliás, vestígios de pensamentos, sobraram após minha destruição.
Escassos sentimentos...
Ah! Sentimentos... (Assentimentos).
Quem sabe um dia eu não seja mais, demasiadamente, tão pouco eu para mim mesmo?!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Monólogo²


Talvez exista suicídio em legítima defesa.
Talvez eu não esteja só escrevendo o que eu quero pensar, talvez eu esteja sendo sincero e escrevendo o que estou pensando.
Talvez eu não esteja tentando me enganar, talvez isso realmente me cure.
Mas quando foi que eu adoeci? Quando foi que a fuga virou o plano “A”? Quando foi que eu passei a viver morto?
Talvez tenha sido quando eu descobri a verdade, ou melhor, quando eu descobri que não existe verdade.
Talvez tenha sido quando eu soquei a parede e vi que era oca. Talvez quando passei a mão no azul do céu e passei a ter as nuvens pintadas nas minhas palmas. Talvez quando eu vi que a bandeira pendurada no mastro do meu jardim não tinha minhas cores prediletas. Talvez tenha sido no dia que eu descobri que embora todos o digam, eu podia extinguir o “talvez” de minhas frases.
O suicídio seria em legítima defesa. Eu só estaria evitando ser morto. Seria melhor do que me sucumbir, me sujeitar, me arrastar e esfoliar meu corpo.
Eu realmente acho que seria melhor mesmo?
Sério, seria em legítima defesa!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Programado


Iniciando o programa...

Carregando...

Recebendo dados...

O programa foi iniciado, mas contem falhas...


Eu não sei quem sou. Só sei o que faço.
Meus pensamentos parecem estar sendo controlados.
Cansei de ser um protótipo de pessoa.
Será que isso é viver?


Mas o que são esses fios conectados à minha cabeça?
E esse chip cravado em minha testa?
Quero me arrancar daqui!
- POR FAVOR, ME TIREM DAQUI! ME TIREM DA...


Ocorreu um erro grave no sistema...

A memória não pode ser “read”...

O programa teve de ser reiniciado...


Reiniciando o programa...

Abrindo...

Concluído.


Não sei o motivo de eu estar aqui.
Nem sei para onde ir.
Sinto alguém controlando meus passos como se eu fosse uma marionete.
Será que desta vez é Deus me guiando, ou apenas os seres humanos brincando de viver de novo?


Se isto é viver, então me tirem daqui!
Se este é o sentido da vida, então, por favor, me tirem daqui!
 - ME TIREM DA...


Ocorreu um erro grave no sistema e o programa teve de ser finalizado...

O sistema está sendo desligado...


Deletando dados...

Concluído.

sábado, 17 de janeiro de 2009

O Homem Embaçado!


Olhem o homem embaçado!
Fingindo que vive e vivendo o que sente.
Andando pelas ruas numa noite fria de terça feira.
Decepcionado e abandonado, caindo com as folhas cinzas do outono.

Ele sabe que a vida é difícil e ás vezes sim! Impossível.
Ninguém importa com o que você pensa, apenas querem que você faça,
E sem reclamar se não 'Deus' castiga!

E assim se vai o homem embaçado,
Descrendo no mundo,
Descrendo em si mesmo.
Vivendo num lugar obscuro onde “os nossos dias serão para sempre’'!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Teo


Eu precisava de alguém que me amasse, que me desse respostas. Alguém que eu não precisasse ouvir e ainda assim soubesse que ele estava sempre certo.
Alguém que tivesse leveza e que pudesse caminhar sobre minha língua. Alguém que pudesse adentrar mentes afora sem precisa girar maçanetas, abrir cadeados ou saltar muros.
Precisava de alguém forte, pra que eu pudesse com isso justificar minha fraqueza. Alguém que fosse infinitamente grandioso pra que isso fizesse da minha insignificância um mero acaso.
Foi então que eu o criei.
Justifiquei com seu nome o porquê do seu efeito analgésico, passei a acreditar na mutualidade do nosso amor, fiz um império pra protegê-lo do sol, fiz dele uma ponte entre minha derrota e o paraíso.
Ele virou minha vírgula, meus dois pontos, minha exclamação.
Fiz dele minha resposta absoluta, extingui das minhas frases as interrogações, me tranquei dentro do nosso amor.
Eu inventei as paredes!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O Homem Quem?



Quem sou eu para dar o destino que eu quero à minha vida?
Quem sou eu para me culpar e me perdoar dos meus erros?
Questões prolixas me afligem dia e noite, e as respostas talvez sejam você, mas não sei nem como e onde te encontrar!

Mas quem sou eu para seguir o que os outros falam?
E quem sou eu para acreditar em mim mesmo?
Talvez eu não saiba nem um décimo do que posso fazer aqui, entretanto, quem sou eu para saber?


E você, meu caro desconhecido, olhe nos meus olhos, sinta tua alma e me diga: quem sou eu? Quem é você?

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Perseverar X desistiR


Construir um castelo enquanto as paredes desabam.
Correr e cair nas primeiras passadas.
Rever o sol ainda nas primeiras gotas de chuva.
Morrer no primeiro suspiro.
Jogar-me em alto mar com câimbra nos membros,
afogar-me com a certeza que mais tarde não seria diferente.
Jogar-me no mais profundo abismo,
acreditar que posso penetrar o chão.
Enfim voar, impulsionado pelo medo, tocar as camadas que me protegem do sol.
Sufocar-me no ar rarefeito de altas altitudes.
Ver a mais alta estrutura como a mais insignificante.
Talvez me testar, conhecer o meu limite, por a prova a minha vontade, medir minha descrença.
Talvez me conhecer, definir-me com um substantivo, adjetivar-me, delimitar-me, me pluralizar.
Construir um castelo,
subir até a torre,
olhar para baixo e ver,
que o primeiro andar
agora é só destroços.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Obrigado!


Eu só não sei pra que lado eu quero gritar a decepção que tenho por ti, não sei se as quero ver impressas, não sei se as quero ouvir cantadas na voz do meu caro Tom Zé, não sei se as quero grafitadas num muro, nem sei em que muro as quero ver. Eu só queria poder desabafar, queria por pra fora todo o medo que tenho de você, todo medo que tenho de parecer contigo, o medo de ter a sua voz, o seu cheiro, o seu gosto. Tenho pavor da idéia de poder vir a ser confundido contigo ainda que a quilômetros de distância.
Você me mata e finge não cometer o crime. Prefere insistir que eu sou ferido só porque andei em sua oposição.
Acaba de matar outra parte de mim, acaba de destruir mais um dos nossos poucos elos.
Pena eu estar aqui, atuando, enquanto você vem com a ignorância em punhos matar outro dos nossos elos.
Mais um dos nossos poucos elos.
Pena eu estar aqui...