sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Soneto a morte de alguém

Faleceu hoje, aos 76 anos, às 0 horas e 19 minutos, sexta feira, dia 30 de novembro, um homem que eu não conheci.
Não sei seu nome, seu telefone, não me lembro do seu cheiro, do seu corpo, do tom da sua voz, do seu humor, dos seus olhos. E tudo isso só constata meu quadro anormal, mas preciso me controlar para não me desaguar em lágrimas.
Só se passaram duas horas e já me sinto insuportavelmente inflado por uma saudade que parece que irá explodir, e em cada parte espalhada do meu corpo haverá indícios dessa dor.
Mas tento despistar, me contando que nas rotineiras 8 horas de sono eu não sentia sua presença, e assim dou um pouco de ar, por pelo menos mais seis horas, pra este coração sufocado, abrigado em meu peito.
E na primeira hora passo atônito
E na segunda me corre uma lágrima
Na terceira ela me cai sobre a coxa nua
Na quarta enfim ela toca o chão, uma gota tão densa que inunda meu quarto
Na quinta a água já bate em meu ombro (cansado)
Na sexta não só mais meu peito, mas sim todo meu corpo esta sufocado
E nesse tempo tentei entender porque me sinto assim, esse pássaro com a asa quebrada, que morre de saudade de um céu em que ele nunca voou, mas não encontro nem razão nem motivos, do porque de cada pena do meu corpo só se encontrar saudades.

Nenhum comentário: